Flávio Lopes *
A edição 168 do Jornal Informante publicou, na Editoria de Opinião, uma crítica bem humorada falando de uma cidade fictícia: Sucupilha, bem como de suas mazelas. Como autor da referida crítica, fui muito questionado. Fizeram-me perguntas do tipo:
“O que teu chefe vai pensar disso?”,
“Você não tem medo de uma retaliação?”,
“O que teus companheiros de futebol pensarão?”.
Também recebi conselhos: “Cuidado, cuidado!”, “Prepare-se para a retaliação!” e “Eles vão te marcar!”, e, por fim, elogios como: “Você é corajoso!” e “Interessante a tua sátira!” Pois bem, eu não esperava nada disso do meu texto satírico, ele apenas retrata um direito que tenho de expressar aquilo que penso. Sou um cidadão, pagador de impostos, um leitor, um eleitor, um individuo da sociedade que tem muito mais que o direito a livre expressão, tem o dever de tentar mostrar para o restante da sociedade aquilo que até de olhos fechados se vê que está errado. Mas por que as pessoas me abordaram de todas essas formas? Porque tive que recorrer à sátira para me expressar? Coação, essa é a explicação. As pessoas são coagidas a não contrariar as formas de poder ou de autoridade. E a coerção acontece de diversas formas, vou enumerá-las abaixo.
1. Coação política:
essa é a principal; esse poder pode atingi-lo de diversas formas, pois é muito fácil atirar com todas as armas que a máquina política dispõe naquele que só possui uma arma: seu pensamento e só uma munição: suas palavras;
2. Coação econômica: essa é a mais implacável e impiedosa, pois o poder econômico domina os meios políticos e de produção, influencia na justiça e atinge as classes inferiores no seu âmago, já que pode comprometer o acesso aos recursos básicos e públicos;
3. Coação social:
é aquela que mais me causa estranheza, pois em nome do “politicamente correto” os cidadãos ficam inertes e não reagem às mazelas do sistema. Ela faz o cidadão pensar que é feio e fora de moda protestar, é feio criticar, é feio expor publicamente seu pensamento;
4. Coação intelectual:
essa é a mãe de todas as outras. Ela acontece a partir do berço. Nela, os pais, que já sofrem todos os outros tipos de coibição, nos ensinam o que é mais seguro. E é mais seguro ficar quieto, aceitar as coisas como elas são, para fugir das represálias daqueles que detém o poder. A coação intelectual é reforçada nas escolas e nas universidades, por professores também coagidos ou comprometidos com o sistema.
Então, por que o povo se cala? Cala-se porque sofre uma verdadeira chantagem emocional, que o impede de expressar o seu pensar sob pena de sofrer as consequências que, os “Neros”, detentores do poder e que habitam a nossa sociedade, podem aplicar sobre os mais críticos ou questionadores. E, assim, a maioria se cala. Por medo do que pensará o pai, o professor, o padre, o chefe, o prefeito, com medo até de parecer fora de moda. E a nossa indignação continua sendo uma “mosca sem asas” por não ultrapassar as janelas das nossas casas.
Até bem pouco tempo atrás, poderíamos mudar o mundo. Quem roubou nossa coragem? Até quando isso vai continuar, hein? Até quando nos renderemos às possíveis taxações provincianas? Às ameaças de retaliações e processos?
É hora de assumirmos nosso papel dentro da sociedade, para fazermos parte dela de fato e não sermos somente um “número” integrante dela.
* Assistente de Vendas
Nos Quintos dos Infernos encontra-se Sucupilha |
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06 de Maio de 2011 |
Flávio Lopes *Sucupilha já tem 76 anos de história, destes, alguns são estória. Cerca de 64.000 habitantes, número esse contestado pelo nobre prefeito Odomir Baretuaçu. Nem procure pelo nome dele no Wikipédia pois nada encontrarás. Também não procure por frase dele no Google porque ele não disse nada. Falarei sobre a história recente de Sucupilha, e vou começar pelo “Quintos dos Infernos” que, qualquer semelhança não é mera coincidência com o período político que a cidade vive desde então. Desde que a Danielle Winits desfilou seu corpito por aqui, Sucupilha assumiu de vez o título da minissérie que ela estrelou. É isso aí mesmo que você pensou. Mudou o penteado, mas a noiva continua sendo a mesma, digo, mudou o treinador, mas o time e o estilo de jogo continuam o mesmo. Sei lá o quê que mudou, afinal não mudou nada mesmo. Nesse período muitas obras aconteceram e outras tantas deixaram de acontecer. Algumas se destacaram, citadas abaixo.
* A santa com cara de Trakinas, que depois recebeu uma espécie de botox, mas continuou denegrindo a imagem física de Nossa Senhora. Mas como Ela é verdadeiramente uma Santa, não vai se importar com a aparência;
* Foi escolhido um hino, executado o hino, mas o hino não havia sido escolhido ainda. Eu tô falando a verdade, isso não é uma confusão das minhas ideias, isso aconteceu; �
* Derrubaram o pinheiro da praça de madrugada e descobriu-se que ele ia cair mesmo. Que sorte. Pensa comigo, se eu matar alguém e, na necropsia, descobrirem que a vítima era portadora de uma doença terminal, então eu não cometi crime nenhum, afinal o cara ia morrer mesmo;
* Prometeram, mas nem precisava, então desistiram. Descobriram que precisava, agora querem de novo, mas precisam de ajuda para realizar algo que prometeram que iriam fazer sozinhos. Eu explico, não é o famoso cemitério do Odorico Paraguaçu, aquela era outra cidade, estamos falando de Sucupilha e da UTI Neonatal. Entendeu?;
* E o colossal complexo turístico com fachada de anfiteatro? Qualquer semelhança na forma de governar com o imperador romano cuja estátua deu origem ao nome Coliseu, também não é apenas mera coincidência, onde está o “Nova Itália”?
Pois bem, a vida continua em Sucupilha. Odomir Baretuaçu continua decidindo quem morre, seja animal ou vegetal, mas que importância tem isso se todo mundo vai morrer mesmo. Um dia a mais um dia a menos, uma vida a mais uma a menos. Mas volto a dizer, não confundam com Sucupira, lá o prefeito não conseguia matar ninguém para inaugurar um único cemitério. Já a nossa Sucupilha, contando vida por vida, somando as humanas com as da flora e da fauna, destruída pelas licenças negociadas, já teria inaugurado um em cada esquina.
Mas, vamos deixar os entretantos e partirmos para os finalmentes: Sucupilha ainda inaugurará obras que vão entrar para os anais e menstruais dessa cidade e do país. Termino essa crítica de forma trepidante e dinamitosa, mas com a alma lavada e escaldada. E já que estão mandando o povo ir tomar banho, que soem as trombetas, pois eu devo mesmo fazer parte dessa esquerda comunista, marronzista e badernenta.* Assistente de Vendas
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