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DEPRESSÃO? ou deixar fluir…
No tempo de Natal e Ano Novo, é costume desejar para amigos e conhecidos muita felicidade.
Mas o que faz as pessoas felizes? A saúde? O sol brilhando? Ganhar na loteria?
O professor Ruut Veenhoven, da Universidade Erasmus, na Holanda, se especializou na questão da felicidade. Tem muita Universidade no mundo colocando este assunto no currículo. Já existem pesquisas comparando o nível de felicidade dos países, a Islândia e a Suécia estão no topo, deixando Grécia e Itália para trás. Quem pensa que em países com clima quente e muito sol há mais felicidade está errado.
Mas então é o dinheiro? Pessoas que ganham na loteria percebem muitas vezes uma tensão e desligamento da comunidade, ficando menos felizes. Logicamente uma segurança financeira normal ajuda a ser mais feliz e menos tenso.
Que fatores então, decidem a nossa felicidade?
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Pesquisas no mundo inteiro indicam 3 fatores básicos, que devem estar presentes, são eles:
Comunidade: Sentimento de fazer parte de uma família, de uma comunidade, da natureza ou estar em comunhão com Deus.
Estrutura: Necessidades básicas garantidas, relações duradouras e uma certa rotina.
Sentido: Sentir satisfação e importância nas coisas que faz.
Se sentir útil para o outro, para si ou para as forças superiores. Ter um sentido para viver.
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O psiquiatra austríaco Victor Frankl, fez muita pesquisa após ter sobrevivido aos campos de concentração na 2ª Guerra Mundial. Ele constatou que não foram os mais fortes fisicamente que sobreviveram, mas os que tiveram um objetivo claro: escrever um livro, ajudar os outros, rever um filho ou carregado pela religião. As publicações dele a respeito da importância de ter um sentido para viver viraram “campeãs de venda”. As primeiras frases do livro são: “Sem sentido, é uma situação que a mente não suporta”. Leva ao tédio, depressão, neurose e até ao suicídio.
Fica claro a grande importância de dar um sentido na vida para se sentir bem.
Por: Joop Stoltenborg
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As ondas vão e voltam…
Fonte: Paulo D. Teixeira
Adaptado e reescrito parcialmente por Hamilton Bueno
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Não é uma doença, por isso não se cura. É um processo freqüente, comum e natural do ser humano, e requer uma compreensão em nível individual, coletivo e integral.
De frente para o mar, podemos observar que as ondas vão e voltam… vão e voltam… vão e voltam… enchendo e esvaziando… enchendo e esvaziando… mas, se observarmos atentamente, olhando a tonalidade, verificaremos que não existe maré cheia e nem vazia, existe apenas o mar e o movimento da maré.
De frente para nós mesmos, para o nosso ser, a nossa existência, podemos observar que as ondas vão e voltam… vão e voltam… enchendo e esvaziando… ora nos deixando com muita energia, ora nos deixando pouco energizados. Quando estamos cheios de energia, em excesso, damos a isso um nome: euforia! Quando estamos com pouca energia, sentindo-nos carentes, damos a isso outro nome: depressão! Mas, se observarmos atentamente, olhando a tonalidade, indo além do nome, da palavra, e atingindo a realidade em si mesma, verificaremos que não existe euforia, nem depressão, existe apenas a mente, e o movimento da mente.
Como tudo na vida é fluxo, é processo, é movimento:
Como tudo na vida é contração e expansão;
Tensão e distensão;
Inspiração e expiração;
Ingestão e digestão;
Sístole e diástole (contração e descontração);
Tesão e exaustão;
Conscientização e alienação;
Somatização e mentalização;
Materialização e espiritualização;
Yin e yang;
Caos e ordem;
Vida e morte;
Fim de um ciclo e começo de outro;
Como tudo isso é natural, convém indagar: – Por que temos que estar sempre energizados? Por que sofremos quando estamos com pouca energia? É preciso discriminar: sofremos quando estamos com pouca energia, e não porque estamos com pouca energia. Ou seja, sofremos nos momentos de pouca energia, mas não é o baixo nível de energia a origem do sofrimento. Então, qual é a origem?
A incompreensão de que a vida é fluxo, é processo, é movimento, nos faz sofrer.
Quanto maior a nossa inconsciência com relação a esse fato, maior o nosso sofrimento. Tomamos consciência de que a vida é fluxo, compreendemos esse fato, não quando achamos que essa afirmação é bonita, inteligente, lógica ou científica, mas quando percebemos que:
“depois da tempestade vem a bonança”, e “não há nada como um dia após o outro”,
Ou ainda, depois da euforia vem a depressão e, como conseqüência, depois da depressão retorna a euforia, e assim sucessivamente. Devido a nossa incompreensão, desejamos estar sempre alegres, energizados, contentes, eufóricos, e com isso negamos, com nossos pensamentos, sentimentos e ações, que a vida é fluxo!
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Tendo a compreensão de que a vida é fluxo, perceberemos que não foi necessário nenhum esforço para a depressão vir, e também não será necessário forcejar para depressão ir. Portanto, não-se-esforce! Não se esforce, inclusive, para não-se-esforçar.
Porque, quando apontamos para a necessidade de não forcejar, o que acontece com a pessoa que está condicionada a desperdiçar suas energias se esforçando? Ela vai fazer um enorme esforço! Vai fazer esforço, para que? Vai fazer esforço para não esforçar! Só que, fazer esforço para não se esforçar, ainda é se esforçar!
Tudo que temos que fazer é ficarmos atentos, alertas, vigilantes, cônscios de que estamos forcejando; observando, investigando e compreendendo o nosso comportamento. Ao perceber o esforço, e compreender o absurdo de tanto esforço, vamos adquirindo:
A velocidade e o ritmo, a direção e o sentido, a graciosidade e a beleza, que nos próprios, singulares, únicos, individuais, e nessas condições começamos a fluir, voltamos a fluir… naturalmente!
As ondas vão e voltam… vão e voltam… e como é maravilhoso a aventura de fazer um “surf” nas nossas praias existenciais. Não é preciso a prancha. Requer apenas que estejamos atentos e inteiros, com a totalidade do nosso ser. Infelizmente, não é isso que se faz.
Levamos apenas uma parte de nosso ser: O EU, o EGO. Essa é a parte que estamos mais familiarizados, mas é sem dúvida uma parte muita pequena, e contém pouca energia. Com ela não vai muito longe. Vale lembrar a parábola de um Santo que andava por uma praia, perdido em questões teológicas e existenciais, quando descobriu a brincadeira de um menino, que com uma concha pegava a água do mar e colocava num pequeno buraco na areia. Fazia isso incessantemente, tentando preenchê-lo. O Santo apiedou-se, aproximou-se dele, e disse: – “Não percebes que, por maior que forem os teus esforços, não conseguirás preencher com a água do mar esse buraco”, ao qual o menino respondeu: – “É o que fazes, quando queres conceber com tua mente racional (EU) as questões que tu meditas”. E ao dizer isso o menino desapareceu. Era um anjo (?), segundo o texto religioso.
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Pois é! O EU ajuda pouco, e atrapalha muito (egoísmo, egotismo, egocentrismo, narcisismo…). Quando estamos com pouca energia, descontentes, deprimidos, o EU indaga: – “Por que eu não posso ficar contente… sempre contente?”. Imediatamente o nosso ser entra em conflito, gera-se o atrito, e deixamos de fluir livremente. Uma parte nossa está deprimida, e a outra não quer ficar… não deixa fluir!
Dividimo-nos, e confrontamo-nos. Sofremos, não porque temos pouca energia, mas porque criamos o conflito. Não vemos as coisas como realmente elas são. Não percebemos que, se as ondas vão, elas voltam, e qualquer esforço do EU é inútil e desnecessário. Com o conflito desperdiçamos energia, e como já estávamos desenergizados, ficamos com menos energia ainda, ou seja, produzimos o contrário, agravamos a depressão!
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As ondas vão e voltam… num movimento suave e harmonioso. Mas, com a interferência predominante e controladora do Eu – que insiste em ditar regras com base no seu próprio desejo, sem levar em consideração a naturalidade das coisas, a totalidade da existência, as exigências da realidade – tudo fica parecendo calmo, tranqüilo e sereno, mas só aparentemente. O restante do ser está sendo sufocado, e o EU não lhe dá atenção.
Necessidades, instintos, impulsos, emoções, sentimentos, desejos, paixões, tudo isso vai sendo reprimido, negado. Mas tudo isso tem energia, muita energia, uma incomensurável energia, que não está sendo percebida, compreendida e aproveitada. Lentamente, uma rebelião vai se formando nos subterrâneos do ser. Mais cedo, ou mais tarde, ela explode, e como lava incandescente, nos corrói interiormente.
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Então… desorganiza-se o movimento, e o ser se desequilibra. As ondas transformam-se em vagas… vagalhões! O mar existencial se agita. A tempestade recrudesce. Perde-se a orientação, a sustentação. A vida fica sem significado, sem sentido. A gente se agarra a qualquer que coisa que nos pareça segura.
Procuramos os amigos … mesmo que eles não sejam amigos de verdade; queremos a presença de pessoas, um grupo, uma religião, uma crença, um dogma, uma oração, idéias, ideais, ideologias, filosofias, sindicatos, movimentos sociais, partidos políticos, e tudo isso, nessas circunstâncias, são meios de fuga.
Mas a vida social também pode nos assustar, e então, nos refugiamos no nosso interior caótico, e confinamo-nos no isolamento, buscando companhia o açúcar, o café, o cigarro, os alimentos artificiais e excessivamente condimentados, o álcool, as drogas (inclusive os psico-farmacos), os entretenimentos, a masturbação, o sexo sem envolvimento afetivo, e outras coisas e atividades que possam nos distrair, nos gratificar, e nos colocar fora dessa realidade tão sofrida.
Lembramo-nos da velha esperança (… se lembram dela!). Mas, a esperança é a última que morre… e a primeira que mata! Quem não espera, não se desespera. Quem nunca esperou, nunca vai se desesperar. Não espere por nada, nem por ninguém. Não conte com nada, nem com ninguém. Nós estamos sós, irremediavelmente sós. Todo apego é uma ilusão. Toda segurança é falsa. (Inclusive, e principalmente, a segurança da Religião, do Estado, da Família, ou de um “grande amor”). Não há luz no fim do túnel. E ao percebemos isso, a gente se deprime mais ainda.
Porém, mesmo nessas condições, ainda é a luz possível deixar fluir. Se fluirmos, percebemos que não há luz do túnel porque, ele não existe, é apenas mais uma ilusão. A “esperança”, a “luz no fim do túnel”, o “amanhã”, o “futuro”, uma “outra vida depois dessa”, uma “outra pessoa que vai-nos-fazer-feliz-e-acabar-com-tudo-isso”, é tudo meramente ilusão, faz parte do nosso conflito, da nossa rebelião interior.
Mas o Ser existe, e é real. E há luz, muita luz, no Ser. Nós procuramos a luz no lugar errado. Essa luz existe dentro de nós mesmos. Olhe para dentro de si, e observe que está tudo sombrio. Mas… observe atentamente, atenciosamente, e irá perceber que… se há sombra, é porque há luz! Observe suas necessidades, suas emoções, seus sentimentos, seus desejos.
Não os classifique como “bons” ou “ruins”, “certos” ou “errados”. Apenas olhe, veja, observe; sem julgamento, sem condenação, sem reprovação , sem rejeição. Eles existem, são reais, e estão sendo reprimindo, negando. Nós somos isso: tudo isso que estamos reprimidos, negados. Ao negá-lo, estamos a nós mesmos. Ao reprimi-lo, estamos reprimindo a nós mesmos. E para liberta-los, e nos libertarmos, é necessário “coragem-de-ser”, pois temos que fazer isso sozinhos.
Nada, nem ninguém, poderá nos ajudar. Não adianta gritar, se desesperar, pois tudo isso é sucumbir. Gritaram os filósofos e poetas: – “Deus, oh Deus, onde estás que não responde!”. E não responde mesmo! (É importante esclarecer: se há um Deus – e não estamos afirmando, nem negando, tal existência – Ele está dentro de nós. Se não estiver em nós, estará em nenhum outro lugar. Portanto, as nossas respostas não virão de fora. Estão em nós mesmos.)
A condição original do homem é o “estar só”. Só e vazio. Isso, que parece ser uma profunda e terrível miséria existencial, é o que há de mais pleno e mais sublime, a origem da verdadeira liberdade, um elevado nível de consciência, o poder de fluir e deixar fluir. Fluindo, compreenderemos que quanto mais profundo é o “estar só”, mais profundo é o “estar junto”, e quanto mais profundo for o “estar junto”, mais profundo ainda será o “estar só”. Chegando ai, estamos na estação em que desabrocha a afeição energizante, a ternura humana, a amizade autêntica, e o amor verdadeiro.
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As ondas vão e voltam… e ali, termina o oceano e começa o continente, a água abraça a areia, e soprada pelo vento amigo, a areia se joga nos braços do mar. E como o ciúmes só existe apenas como invenção, emoção e limitação humana, o sol, sem medo, sem culpa, e sem vergonha, acaricia e aquece os três: a água, a terra (areia), e o ar (vento). E nesse clima de afeição e ternura, nessa zona de fronteira (oceano/continente), as nossas praias acontecem.
É fácil perceber o fascínio das regiões praianas. Despojando-nos de muita roupa, que é aquilo que encobre o corpo, temos a tendência a despojarmo-nos de nossas máscaras sociais, que é aquilo que encobre o nosso ser, e define a nossa personalidade. Através de uma praia selvagem, podemos alcançar as nossas praias existenciais. As praias são reais, mas a fronteira (oceano/continente) é outra ilusão.
Tudo faz parte de uma totalidade maior: o Planeta Azul, que é como um grão de areia fluindo no espaço. Toda fronteira é uma ilusão. Toda divisão é falsa. É uma visão parcial, e um desconhecimento da totalidade. Eu e o outro, somos um só. Eu e a sociedade, somos um só. Eu e o universo, somos um só. E na Unidade só há energia. Tudo é energia! Tudo é afeição! Não há lugar para a violência! Não há lugar para a euforia (extroversão hetero-violenta)! Não há lugar para a depressão (introversão auto-violenta)!
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O ser humano está deprimido, e sofre, porque divide o mundo, divide os povos, divide as pessoas, divide a terra, e os produtos da terra, produzindo fome, miséria e guerra (bélica e/ou econômica). E essa divisão exterior, tem origem na divisão interior do ser humano, na divisão do EU, que desatento, sem auto-compreensão, sem auto-percepção, sem auto-conhecimento, produz o conflito.
Instaurado o conflito interno do indivíduo, ele vai se somar ao conflito interno dos outros indivíduos da família, e multiplica-se pelo conflito de todos os grupos, organizações e instituições, com desdobramentos políticos, econômicos, e sociais. E o resultado fica estampado nas notícias de jornais. Somos informados do seguinte processo: egoísmo (nacionalismo) – INCOMPRENSÃO – desafio – competição – confronto – humilhação – injustiça – autoritarismo – prepotência – agressão – violência -crueldade – guerra – mortalidade… a tragédia humana, da qual todos nós, sem exceção, somos responsáveis!
As instituições sociais, nacionais e internacionais, inclusive, e principalmente, a ONU – Organização das Nações (des) Unidas -, são constituídas por indivíduos também em conflito, que expressam e manifestam sua divisão interior, em escala mundial. O ser humano, e todos os seres humanos, estão em conflito. A Ciência está em conflito, porque o cientista é um ser humano.
A Psicologia, a Sociologia, a Economia, a Política, e todas as outras ciências sociais e humanas, em suas formas tradicionais, não estão instrumentalizadas para compreender o conflito. Ao contrário, elas o alimentam. O marxismo (sociologia + economia + política + ideologia) não seria a redenção da Humanidade?
E agora, a redenção não se dará através do neo-liberalismo (que já fracassou, enquanto liberalismo), ou da social-democracia? E assim como há um neo-liberalismo, não é provável que inventem um neo-socialismo? Tudo meramente ilusão! a História se repetiu, se repete, e se repetirá, enquanto o ser humano não se auto-conhecer, e se liberar de suas idéias, ideais, utopias, ideologias, crenças, dogmas, sonhos, fantasias, e ilusões.
Sorria, enquanto é tempo! A nossa “felicidade” pode terminar na próxima tragédia! Quando nos sentimos deprimidos, é preciso abrir os olhos e ver: é a Humanidade que está em depressão! O EU e o mundo são um só. Nós somos o mundo. O mundo somos nós. Nós estamos no mundo. O mundo está em nós. Nós não existimos sem “esse mundo”. “Esse mundo” não existe sem nós. Sem nós, pode existir um “outro-mundo”, mas “esse-mundo” não existe sem nós.
Enquanto cada pessoa deseja resolver o “SEU” problema particular, e cuidar só do que é seu, aparentemente seu, ilusoriamente seu, vai aumentar o conflito, a decepção, a frustração, o vazio, o sem-sentido, a depressão. Quando o problema da humanidade for o “SEU” problema, o nosso problema, aí é o começo da aprendizagem, da (auto)descoberta, do (auto)conhecimento, e a compreensão se inicia, e entramos na estação do amor, da amizade, da afeição e da ternura. Aí, em estado de solidariedade e de comunhão, nos energizamos, e a Humanidade vai ficando cada vez menos deprimida… fluindo deixando fluir!
As ondas vão e voltam… enchendo e esvaziando… mas não há maré cheia, e nem vazia, existe apenas o mar, e o movimento da maré.
Existe apenas a Mente e o movimento da Mente! Existe apenas o Universo e o movimento do Universo! Existe apenas o Universo! Apenas o Universo! Universo!
Quando o Universo se movimenta, ele se faz diverso. E em meio a diversidade, e através de ciclos, a existência acontece!
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